Um dos destaques do DSM-5 é a distinção aprofundada dos diferentes tipos de doenças mentais e suas manifestações. A partir desse documento, o profissional pode identificar os sinais adequados de maneira uniforme e realizar diagnósticos alinhados com os apontamentos da comunidade médica.
Confira, a seguir, alguns exemplos de tipos de ansiedade detalhados pelo DSM-5 e as suas características mais importantes.
Transtorno de Ansiedade Generalizada:
Também chamado pela sigla TAG, o transtorno de ansiedade generalizada tem como principal característica a preocupação excessiva e generalizada sem motivos óbvios em situações do dia a dia. Ou seja, o paciente fica sempre antecipando que algo de ruim vai acontecer, permanecendo em um estado de constante preocupação.
O TAG se diferencia de um simples sentimento de ansiedade por ser constante e não ter causas óbvias. Por exemplo, é normal sentir ansiedade às vésperas de uma prova importante. No entanto, trata-se de uma causa concreta para o problema, que também passa depois do evento.
No caso do TAG, as preocupações atingem os eventos do dia a dia, mas sem uma raiz concreta. O paciente sente a sensação de preocupação constante, que se manifesta de diferentes maneiras físicas e mentais. É o caso, por exemplo, de dores de cabeça, taquicardia, sudorese, tensão muscular, entre outros.
Transtorno de Pânico:
O transtorno de pânico, também chamado TP, tem como principal característica uma sensação de medo intensa e repentina seguida por sintomas físicos. Esses episódios podem acontecer a partir de qualquer momento, durando até 30 minutos.
As principais características desses ataques de pânico são a aceleração dos batimentos cardíacos e da respiração, suor frio, falta de ar, tontura, tremores, entre outros. O episódio pode se agravar quando o paciente passa a temer a ocorrência de novos ataques ou a persistência do atual.
Em geral, o transtorno de pânico se manifesta a partir de situações em que há estresse recorrente em escala crescente. Ou seja, podem ser situações familiares, de trabalho ou até experiências traumáticas.
Por fim, o fator genético aumenta as chances do desenvolvimento de TP.
Transtorno de Ansiedade Social:
Quem tem transtorno de ansiedade social, ou fobia social, tem intensa dificuldade em interagir com outras pessoas. Isso pode se referir desde a uma conversa com um grupo ou até mesmo a apresentação de um trabalho para a turma em ambiente de ensino.
Dessa forma, o gatilho para o surgimento dos sintomas típicos da ansiedade costuma transitar na área da socialização. A fobia social contribui para que o paciente busque se isolar cada vez mais, evitando as suas fontes de angústia.
O fator ambiental é um dos principais causadores de casos de fobia social. Por exemplo, é o caso de pacientes com pais superprotetores ou que sofreram com rejeições sociais muito frequentes.
O problema também pode ocorrer com quem tem baixa autoestima ou duvide das suas próprias capacidades de socialização.
Agorafobia:
A agorafobia é o transtorno de ansiedade relacionado a estar em situações ou locais sem uma maneira fácil de escapar. Em geral, trata-se de casos sem um perigo iminente óbvio, mas, mesmo assim, a pessoa se sente angustiada em busca de uma saída.
Um dos casos mais comuns de agorafobia costuma ser o de não suportar ficar em locais lotados ou muito fechados, como dentro de um ônibus ou avião. Quem sofre com esse transtorno também costuma não se sentir bem em elevadores e demais espaços pequenos.
O problema geralmente se desenvolve a partir de algum episódio traumático envolvendo esses espaços sem saída aparente. Isso faz com que o paciente se condicione a sempre se precaver diante de emergências de maneira excessiva, prejudicando o seu estado mental.
Transtorno de Estresse Pós-traumático:
Conhecido pela sigla TEPT, o transtorno de estresse pós-traumático tem como principal característica as lembranças recorrentes e intrusivas de um acontecimento que foi altamente angustiante para o paciente.
Esse episódio traumático pode ser desde um acidente até a morte de um ente querido. O que diferencia o TEPT de um quadro de choque ou tristeza convencional é a prevalência dos seus sintomas, que vão de dificuldades para dormir até hipervigilância.
Reviver os eventos traumáticos de maneira quase constante acaba agravando o quadro do paciente, que tem dificuldades em se concentrar e conter pensamentos intrusivos. O tratamento costuma envolver uma combinação de psicoterapia e medicamentos.
Transtorno de Estresse Agudo:
A principal diferença do transtorno de estresse agudo para os demais tipos de ansiedade é que ele geralmente ocorre a partir da vivência ou testemunho de um evento traumático específico. Assim, o paciente fica revivendo aquele acontecimento e se angustiando com ele de maneira constante.
Por ser um quadro agudo, ele não costuma durar muito tempo. Em até um mês, os sintomas geralmente se amenizam. No entanto, ainda assim é válido obter o diagnóstico de um especialista para avaliar o caso e contar com o tratamento adequado.
Enquanto revive os eventos traumáticos, o paciente tem a tendência de agir de forma irritadiça e se desvincular de hábitos que antes considerava prazerosos.
Mutismo Seletivo:
Muito comum entre as crianças, o mutismo seletivo se caracteriza principalmente pela incapacidade de se comunicar verbalmente em situações sociais. O caso é diferente da fobia social, ou transtorno de ansiedade social, porque geralmente costuma cessar antes da adolescência ou vida adulta.
Segundo especialistas, o mutismo seletivo ocorre a partir da percepção da criança em relação à presença de determinadas pessoas. Ou seja, pode ser que ela considere determinado professor ou colega intimidador e limite o seu discurso ao redor deles.
O problema deve ser diagnosticado cedo para que possíveis tratamentos possam ser implementados. A escola é uma grande aliada nesse sentido, podendo alertar os pais caso percebam sinais de mutismo seletivo nos pequenos.
Transtorno de Ansiedade de Separação:
Aquela sensação de ter saudades de casa pode se manifestar de maneira muito mais grave na forma do transtorno de ansiedade de separação. Nesse caso, o paciente passa por sensações de angústia e desespero ao se separar de um ambiente que considera familiar e agradável.
O transtorno de ansiedade de separação é bastante comum entre as crianças, especialmente na idade em que começam a deixar a casa e os pais para atividades como a ida à escola. Geralmente, essas situações são marcadas por muito choro e pedidos para que não as abandone.
No entanto, o transtorno de ansiedade de separação também pode ser desencadeado a partir de um episódio traumático para a criança. Por exemplo, a mudança de cidade ou de escola pode fazer com que o problema aconteça mesmo se antes não era comum.
Transtorno de Ansiedade Induzido por Substância/Medicamento:
O uso de substâncias específicas também pode ocasionar quadros de transtorno de ansiedade. Isso vale desde o caso de medicamentos convencionais até drogas perigosas, como é o caso de cocaína, heroína, maconha, entre outras.
O transtorno de ansiedade induzido por substância/medicamento também pode acontecer a partir de episódios de abstinência de substâncias. Nesses casos, o corpo reage de forma adversa à interrupção ou redução do consumo da droga.
O transtorno de pânico não é diagnosticado se os ataques forem considerados consequência fisiológica direta de uma substância. Entretanto, se os ataques continuam a ocorrer fora do contexto do uso de substância (após os efeitos da abstinência), um diagnóstico de transtorno de pânico deve ser considerado além de um diagnóstico de transtorno por uso de substância.
Por conta disso, o tratamento de transtorno de ansiedade induzido por substância costuma envolver um esforço conjunto em tratar o vício ao mesmo tempo que os sintomas são amenizados.
Autor: ALMEIDA NETO, Anardino Cândido de.
REFERÊNCIAS
Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais: DSM-5. 5. ed. Porto Alegre: Artmed, 2014.
Como o transtorno de ansiedade é classificada no DSM-5? Atualizado em 2022.Disponível em <https://descomplica.com.br/blog/ansiedade-dsm-v/ > Acesso em: 06 de Ago. de 2024.